Sindireceita promove palestra “Mulheres na liderança: como combater o machismo nas organizações”

Em continuidade às ações da Semana da Mulher, o Sindireceita promoveu, em conjunto com o Conselho Nacional de Representantes Estaduais (CNRE), na tarde desta terça-feira, dia 7, a palestra “Mulheres na liderança: como combater o machismo nas organizações”, na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília/DF. A palestra foi ministrada por Lucelena Ferreira, TEDx speaker e autora de “Manual Anti-Machismo”, “Fio de Corte” e “Mulheres na Liderança”.

O Sindicato esteve representado, na ocasião, pela secretária geral da Diretoria Executiva Nacional (DEN), Ieda Maria de Miranda; e pelas diretoras Mariluce Vilela Fontoura (Assuntos Aduaneiros) e Marlene de Fátima Cambraia (Aposentados e Pensionistas). Miranda e Fontoura também integram a Comissão de Mulheres do Sindireceita.

Em sua explanação, Lucelena Ferreira discorreu sobre as barreiras de gênero enfrentadas por mulheres e ressaltou diversas medidas a serem adotadas visando reverter estes entraves. “Não basta mostrarmos competência. Nós temos obstáculos específicos a enfrentar por sermos do sexo feminino. A ONU diz que levaremos mais de 100 anos para ver alguma proximidade de igualdade de gênero. Eu gostaria de ver isso ainda em vida. Então, a gente precisa, cada vez mais, de iniciativas políticas e educacionais como essa aqui, para refletirmos e tentarmos acelerar esse processo”, afirmou.

Um destes obstáculos, conforme Ferreira, é a desigualdade no número de mulheres ocupando cargos de liderança em relação aos homens, no setor público e privado. Segundo levantamento apresentado por ela, das 250 maiores empresas do Brasil, apenas sete são lideradas por mulheres.  “No setor público, onde as pessoas entram por concurso, a gente vê o mesmo fenômeno. A partir do momento em que vamos avançando na hierarquia das organizações, só sobem os homens brancos em geral. No setor público, apenas 5% das estatais têm mulheres nos principais postos executivos. E sabemos que ganhamos menos do que os homens, mesmo ocupando as mesmas funções e com a mesma formação”, avaliou.

Barreiras

A primeira barreira de gênero destacada por Lucelena Ferreira trata-se da barreira relacionada aos vieses inconscientes de gênero. Ou seja, estereótipos sobre as capacidades das mulheres, que são introjetados como valores e guiam os julgamentos e decisões em sociedade. “Homens são mais promovidos, mais contratados, mais premiados, mais votados. Inconscientemente, as pessoas, inclusive mulheres, acham que os homens são mais competentes, porque são levadas a acreditarem nisso. E isso é uma falácia, porque não há nada cientificamente que comprove isso, mas, a nossa cultura divulga isso de várias formas sutis”, explicou.

Outra barreira mencionada pela pesquisadora trata-se do duplo padrão de julgamento, que diz respeito a características consideradas socialmente positivas para homens, mas, todavia, negativas quando descrevem mulheres. “Um executivo muito ambicioso é admirado, mas, uma executiva muito ambiciosa é vista como uma mãe desnaturada. Um homem de pulso firme e enfático é assertivo e uma mulher com a mesma característica é vista como nervosa, descompensada”, exemplificou.